Associativismo
Os pilares das Associações de Classe
Entidades criadas para valorizar o profissional
Uma Associação é fundada por decisão voluntária, apoiada em motivações e opções pessoais.
Normalmente um profissional busca outros companheiros por que descobre que juntos tem muito mais força e consegue fazer muito mais pela profissão do que separados.
A busca de cada um inicia-se pela melhoria da qualidade de vida, e a de um ideal que venha dignificar e valorizar sua profissão. E quais são os principais indicadores da verdadeira valorização profissional? “Dignidade, Realização, Reconhecimento, Segurança, Perspectivas promissoras...”?
Com certeza dificilmente o profissional consegue obter tudo isto sozinho. Portanto ao se filiar a uma Associação de Classe, significa dizer que o profissional quer dar uma contribuição de vida para sua comunidade, esperando uma contrapartida. A contrapartida é que a Associação tem que ser um movimento organizado que pode dar as respostas através de ações e atitudes.
As Entidades desenvolvem um importante papel de conscientização e fiscalização da sociedade, porque através de suas ações é que se criam espaços de partilha, pontos de encontro, dinâmicas desportivas, recreativas e culturais, e principalmente promove-se a cidadania, defendendo o meio ambiente, valorizando o profissional, zelando pela ética e a defesa dos profissionais.
Uma comunidade onde não exista uma Entidade interessada na vida comunitária, no bem estar das pessoas, é muito mais propícia a gerar situações de marginalidade, conflitos e interesses escusos. O profissional de engenharia arquitetura ou agronomia busca uma Associação por que espera que esta organização lute pelos seus direitos, que trabalhe pelo desenvolvimento e crescimento da Comunidade. Sabe também que varias cabeças juntas irão criar uma escola de vida, um centro de aprendizagem e uma partilha de saberes e que com força de vontade poderá proporcionar tudo isto.
Para ter uma vida longa a Associação terá sempre que procurar objetivos que satisfaçam as suas necessidades mais prementes.
E será a valorização profissional uma das necessidades prementes de uma Associação de classe de engenharia arquitetura e agronomia?
Muitas e muitas Associações de engenharia, arquitetura e agronomia foram criadas pela força da necessidade de união de profissionais que anteviam que juntos poderiam conseguir muito mais que isolados. Isto sempre será o motivo principal que muitas Entidades são iniciadas, mas, infelizmente com o passar dos anos acabam perdendo este foco. Como então valorizar o profissional?
Quem vive o associativismo de forma consciente, participativa, atuante, descobre que estar em uma Entidade de Classe, é acima de tudo um modo de vivenciar a cidadania. Portanto, contribuir para que a sua comunidade seja enriquecida, desenvolvida e participativa é o que uma Associação de Classe pode e deve fazer, partindo para ações que valorizem a cidadania.
Manter vivas as Associações é manter vivos os espaços de educação para a cidadania.
O nível de atividade de uma Associação depende diretamente do grau de envolvimento dos seus associados, da sua conscientização e da importância que dão para esta questão e da motivação para uma postura ativa e participante em prol da Sociedade. Quantas Entidades nascem esperançosas de um futuro promissor por um grupo de entusiasmados profissionais, engenheiros, arquitetos e agrônomos e infelizmente desanimam pelo caminho. O que falta? Falta persistência, falta norte, falta criatividade, organização, ou idealismo! Quem sabe apenas uma revisão dos fundamentos...
O associativismo só tem sentido e só se afirma como essência da vida cívica de cada cidadão e da Associação, quando, nas práticas quotidianas, se desenvolve tendo como referência cinco pilares que são o seu fundamento:
- LIBERDADE - DEMOCRACIA – CRIATIVIDADE –
SOLIDARIEDADE - PARTICIPAÇÃO –
A LIBERDADE é a dimensão ÉTICA do associativismo, e de qualquer Entidade que se quer desenvolver. Abraham Lincoln dizia:- "Os que negam liberdade aos outros não merecem liberdade.” E Bernard Shaw que:- “Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela”.
A Associação precisa primeiro de LIBERDADE – onde ganha raízes de sua essência de voluntariado, de afirmação de direitos e deveres, da crença que não há Associação se ela não se forjar numa dinâmica de inclusão, de adesão, de partilha. Uma Associação nasce na Liberdade, nas vontades que se juntam para atingir objetivos. Esta é a dimensão ÉTICA do associativismo.
O próximo pilar é o da DEMOCRACIA – onde se destaca o debate de ideias, a valorização do pluralismo, a eleição dos dirigentes, a gestão democrática, a certeza que cada um na sua individualidade é uma força que contribui para a construção da diversidade do que é uma Associação. É a maneira de encorajar a participação direta dos profissionais no processo de decisão.
"O amor da democracia é o da igualdade. " - Barão de Montesquieu. A construção e o fortalecimento de uma Associação só podem ser feitos de maneira democrática, se tiver a participação de todos os segmentos representados.
Esta é a dimensão CÍVICA do associativismo.
O terceiro pilar é o da CRIATIVIDADE, se sobressai o fazer associativista, o dar força à imaginação, ao desenvolvimento de atividades esportivas, recreativas, culturais, onde a fantasia e a inovação deve ser a energia mobilizadora.
Criatividade é paixão e entrega. O francês Romain Rolland dizia que: - "Criar é matar a morte.”. Sua Associação está parada ou morrendo Pois é, falta criatividade! É aí onde sentimos o prazer de viver a Associação, de criar, de recriar, é onde partilhamos momentos enriquecedores que guardamos na memória de cada um e da Entidade.
O fundador da TAM Comandante Rolim Amaro dizia que "Quem não tem inteligência para criar tem que ter coragem para copiar”. Copiar o que outras Associações estão realizando não é vergonha, vergonha é não ter nada nem para criar nem para copiar... E deixar tudo no marasmo que se encontra.
E ainda que, uma Associação sem criatividade é um fóssil que vive do resgate da memória da sua história. Uma Associação sem criatividade não é mais nada... Pode ter chegado ao presente, mas e agora... Só terá futuro se reencontrar com as suas energias criadoras os espíritos do passado que forjaram a inovação e a reconstrução. E conclui-se também que as organizações que não dedicam tempo para (re) definir a sua estratégia tornam-se, na sua maioria, ineficientes... Dedique-se, crie...
A Criatividade é a dimensão ESTÉTICA do associativismo.
O outro pilar do Associativismo é a SOLIDARIEDADE. É de Franz Kafka a frase:- "A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana".
A relação da Associação com a comunidade só obtém alicerces sólidos, se houver solidariedade na afirmação do seu papel de contribuição para o desenvolvimento local. É tão mais fácil para uma Associação se desenvolver quando existe solidariedade entre os seus associados...
A solidariedade enquanto valor de referência da relação entre dirigentes e associados, e de relações interassociativas, beneficia e engrandece a todos.
Uma Lei que se consegue implantar elaborada pela Associação e que continua em vigor na minha cidade poderá ajudar a sua a se desenvolver. Uma palestra técnica através de um profissional que agrega valores e desenvolve uma causa, certamente servirá para outra Entidade. Um “modus operandi” que se obtém sucesso pode servir de exemplo para outra, e por aí a fora... solidariamente...
Uma Associação afirma-se como agente de desenvolvimento local pela solidariedade ativa, pela participação constante de seus membros. A solidariedade é a condição que resulta da comunhão de atitudes e de sentimentos, de modo a constituir uma unidade sólida, capaz de resistir às forças exteriores e mesmo de tornar-se ainda mais firme em face de oposição vinda de fora.
Uma Associação só ganha raízes com o espírito de solidariedade desenvolvido, só pode alcançar bons resultados melhorando a qualidade de vida da sua Comunidade.“A solidariedade é contagiosa. Contagie e se deixe contagiar...”.
- A Solidariedade é a dimensão POLÍTICA do Associativismo.
PARTICIPAÇÃO – O quinto pilar Participação é a dimensão CULTURAL do associativismo.
O Presidente dos Estados Unidos Barak Obama disse uma vez que:- “Os colegas da comunidade têm um papel importante para ajudar a transição das pessoas entre as carreiras ao providenciar as novas ferramentas que elas precisam para assumir uma nova carreira”. - A frase que mais gosto do mineiro (Herbert José de Souza):- “Só a participação cidadã é capaz de mudar o país”.
Jackson Brown tem uma frase que resume bem este elo, esta ligação entre participar e obter vantagens também para si... “A oportunidade dança com aqueles que já estão no salão”.
Participar de uma Associação significa viver o associativismo na sua dimensão plena e humana, assumindo o fato de viver lado a lado com outras pessoas que tenham anseios e ideais similares, e, simultaneamente, no viver a individualidade, como atos de valorização dos Direitos Humanos, de respeito pelas diferenças políticas, religiosas, étnicas, com ética, respeito e dignidade. Este é o caminho para que uma Associação seja um espaço global de afirmação de um profissional.
São estes os cinco pilares que fazem a base de uma Associação de Classe – LIBERDADE, DEMOCRACIA, CRIATIVIDADE, SOLIDARIEDADE e PARTICIPAÇÃO. É a base para que qualquer Associação obtenha êxito nos seus propósitos.
Entidades são criadas para valorizar o profissional, e para valorizar o profissional temos que participar da vida em comum da Sociedade que envolve este mesmo profissional.
Uma Associação que não tenha na sua ação coletiva e na ação individual dos seus membros, uma estratégia de dinâmica associativa, tendo por base estes cinco pilares, pode até ser um agente promotor de muitas atividades, mas, sem dúvida, que deixa para trás a sua essência, os valores que dão ao associativismo uma dimensão ética (Liberdade), cívica (Democracia) estética (Criatividade), política (Solidariedade) e participativa (Cultural).
Poucas profissões interferem e modificam tão decisivamente o meio em que vivemos com as da área tecnológica, por isto nossas Entidades tem que ser de vanguarda, á frente do seu tempo.
Entidades são criadas por idealizadores de um mundo melhor, pessoas que acreditam que a valorização profissional é possível e que muito podem contribuir com a qualidade de vida.
Um profissional que vive seus dias de forma ativa, é um agente de criatividade, constrói os dias, vivendo com emoção dos acontecimentos transformam a vida, evoluindo a classe.
Aqueles que participam de uma Associação até podem afirmar: “Eu fiz!”.
Mas, na prática, há uma certeza, cada um de nós só faz, seja aquilo que for, porque integra um projeto comum – e vive a vida da Associação.
É este o significado de ser participativo e atuante nos dias de hoje, ter esta consciência que, com a nossa ação individual ajudamos a construir um mundo melhor. Todos nós, somos no contexto de uma comunidade uma projeção de tempo e de vida.
Desenvolver a comunidade significa preparar os profissionais para a independência, econômica e social. Significa um futuro melhor. Nós não somos pelo que fomos.
Nós somos pelo que fazemos, e pela consciência de que podemos ainda fazer muito pelos nossos semelhantes. O caráter de um profissional que trabalha voluntariamente por uma Associação não se mede pelo que ele foi, mede-se pelo que ele é, pela sua atitude lúcida perante o movimento da história e dos dias, pela energia que coloca na sua ação, pela entrega no desenvolvimento da sua Associação.
Procure uma Entidade, Associação, Sindicato, Instituição de Ensino, Federação, Conselho consciente desses deveres e principalmente das suas responsabilidades na valorização profissional.
Conscientize-se que não basta sermos interessados, informados e presentes, é necessário que reconheçamos que o futuro depende de cada um de nós, de nossa competência e ação.
"SE VOCE QUER UM FUTURO PARA SUA PROFISSÃO PARTICIPE DA SUA ENTIDADE DE CLASSE"
Autoria do texto:
“Dicas do Pernambuco”- Ano VIII - Nº 104 - AGOSTO/2012
Engº civil Marcio de Almeida Pernambuco
CREA 0600905790 |